Phragmipedium Rolfe
Por Delfina de Araujo



O gênero foi descrito por Robert Allen Rolfe, em Orchid Review 4(47): 330, 331–332, em 1896, tendo como espécie tipo do gênero Phragmipedium caudatum (Lindl.) Rolfe. Esta espécie foi descrita por Lindley como Cypripedium caudatum.
Etimologia: Seu nome deriva do grego phragma (fenda ou divisão) aludindo à divisão do ovário e pedion (chinelo, sapato ) uma alusão ao formato de seu labelo.
Planta terrestre, a área de ocorrência deste gênero abrange o sul do México, América Central e América do Sul.

Sinônimos:
Uropedium Lindl.
Phragmopedilum Pftizer
Algumas espécies foram classificadas em outros gêneros ainda válidos como Cypripedium, Paphiopedilum, Selenipedium
.

Duas espécies brasileiras:


Phragmipedium lindleyanum




Phragmipedium sargentianum


Alguns híbridos envolvendo espécies brasileiras




Phragmipedium Andean Fire -
(Phragmipedium besseae x Phrag lindleyanum)

Phragmipedium Bouley Bay 'Cape Sunrise'
[Phrag besseae - caudatum (25% cada) e longifolium (50%)]


Phragmipedium Bel Royal (Phrag sargentianum - besseae - longifolium)

Phragmipedium Calurum -[Phrag. longifolium (75%) e schlimii (25%)]

Phragimpedium Grande [Phrag. caudatum (50%) e longifolium (50%)]


Phragmipedium Don Wimber
[Phrag besseae (75%) e longifolium (25%)]

Phragmipedium Icho Tower
[Phrag besseae (62,50%), sargentianum (25%), schlimii (12,50%)
]


Phragmipedium Jason Fischer
[Phrag besseae (75%) e sargentianum (25%)
]

Phragmipedium Praying Mantis
[Phrag boissierianum (50%) e longifolium (50%)]


Phragmipedium Living Fire
[Phrag besseae (50%) - sargentianum (25%) e longifolium (25%)]

Phragmipedium Schroderae
[ Phrag caudatum (50%) - longifolium (25%) - schlimii (25%)
]


Phragmipedium Sedenii  [ Phragm schlimii (50%) e longifolium (50%)
]

Phragmipedium besseae (espécie não brasileira e muito utilizada em híbridos)


Espécies brasileiras
Basiônimo
Sinônimos
Ocorrência - altitude
Floração
Phrag brasiliense Quené & O. Gruss     Endêmica - sem informação  
Phrag caricinum (Lindl. & Paxton) Rolfe - 1896 Cyp caricinum Lindl. & Paxton - 1850 Paph caricinum Kerch.
Paph caricinum
(Lindl & Paxton) Stein
Paph caricinum (Lindl & Paxton) Pfitzer
Sel caudatum
(Lindl. & Paxton) Rchb. f
Sel caricinum Rchb. f.
Rondônia - Amazônia (*)
(Bolívia- 366/457m e Peru 160-260m)
Floração se estende de julho a março
Phrag. chapadense Campacci e R. Takase - 2000   Reflora considera como sinôniomo de
Phrag longifolium (Warsz. & Rchb. f.) Rolfe
   
Phrag klotzschianum (R.H. Schomb ex Rchb. f.) Rolfe - 1896 Cyp klotzschianum Rchb. f. 1848 Sel klotzschianum R.H. Schomb ex Rchb. f.) Rchb. f.
Cyp schomburgkianum Klotzsch ex M.R.Schomb.
Paph klotzschianum (R.H. Schomb ex Rchb. f.) Stein
Sel schomburgkianum (Klotzsch ex M.R.Schomb.) Desbois
Roraima - Amazônia - 600 a 1300m. (*)
(nas regiões fronteiras de Venezuela, Brasil e Guiana - 1200/1400m)
Floração se estende de novembro a fevereiro
Phrag lindleyanum (M.R. Schomb. ex Lindl.) Rolfe - 1896 Cyp lindleyanum M.R. Schomb. ex Lindl. - 1830 Phrag kaieterum (N.E.Br.) Garay
Ph lindleyanum (Schomb.) Rolfe
Paph lindleyanum
(M.R. Schomb. ex Lindl) Pfitzer
Paph kaieterum (N.E.Br.) V.A. Albert & Börge
Sel kaieterum N.E.Br.
Sel lindleyanum var kaieterum (N.E.Br.) Cogn.
Sel lindleyanum (M.R. Schomb. ex Lindl.) Rchb. f.
Roraima - Amazônia (1880/2000m) (*)
(Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela 853/2134m)
Floração se estende de abril a novembro
Phrag longifolium (Warsz. & Rchb. f.) Rolfe - 1896 Cyp longigolium Warsz. & Rchb. f. - 1852 Ph longifolium Pfitzer
Paph longifolium
Pfitzer
Paph longifolium
Kerch.
Phrag. chapadense
Campacci e R. Takase
Phrag. longifolium var. chapadense (Campacci e R. Takase) O. Gruss.
Sel longifolium Rchb. f.
Goiás - Cerrado
(Colombia, Costa Rica, Equador, México, Panamá e Peru). No Peru ocorre entre 1.500/1800m.
Floração se estende de abril a fevereiro
Phrag sargentianum (Rolfe) Rolfe - 1896 Sel sargentianum Rolfe - 1893 Cyp sargentianum (Rolfe) Kraenzl.
Ph sargentianum
Rolfe
Paph sargentianum
(Rolfe) V.A. Albert & Börge Petit
Phrag lindleyanum
var. sargentianum (Rolfe) O. Gruss

Algoas, Bahia, Pernambuco 670/850m
Mata Atlântica
Endêmica

Floração se estende de agosto a novembro

Phrag vittatum (Vell.) Rolfe - 1896 Cyp vittatum Vell. - 1831 Cyp binotti auct.
Cyp vittatum
var breve Rchb. f.
Pa vittatum (Vell.) Rolfe
Paph paulistanum
(Barb. Rodr.) Pfitzer
Paph vittatum
(Vell.) Stein
Sel paulistanum
Barb. Rodr.
Sel paulistanum (Barb. Rodr.) Rolfe
Sel vittatum
(Vell.) Rchb. f.
Sel vittatum
var. breve Cogn.
DF, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins. No Rio de Janeiro, é encontrado emtre 900 e 1000m
Cerrado e Mata Atlântica
No estado do Rio de Janeiro, sua floração estende desde o final de outubro até fevereiro. Em outros locais, de dezembro até março.
Phragmipedium affine lindleyanum (M.R.Schomb.ex Lindle) Rolfe Espécie nova descoberta por Sidney Marçal
(ver tópico próprio nesta edição
     

(*) - Manoela F. Fernandes da Silva e João Batista Fernandes da Silva, em seu livro "Orquídeas da Amazônia Brasileira" - 2a. edição revisada, informam que apenas o Phragmipedium klotzschianum foi encontrado em suas pesquisas. Phragmipedium caricinum foi citado porr Pabst e Phragmipedium lindleyanum por Hoehne e Garay & Dunsterville, ambos para o estado de Roraima.
Joaci Luz e Jane Franco, em seu livro "Orquídeas de Roraima", a única espécie citada é também o Phragmipedium klotzschianum

legendas:
Cyp = Cypripedium
Paph = Paphiopedilum
Ph = Phragmopedilum
Phrag = Phragmipedium

Sel = Selenipedium


Cultivo

Luminosidade:
Elevada, mas deve sempre estar protegido do raio solar direto que queima suas folhas.
Temperatura: Pode ser cultivado em locais de temperatura gerando em 30º C no verão, mas precisa de queda de temperatura no inverno.
Umidade ambiental: Elevada, exceto as espécies do cerrado.
Rega: O substrato deve ser mantido sempre úmido, mas não encharcado.
Ventilação: Necessita de uma boa circulação de a
r.


Dicas de Roberto Agnes que cultiva, com sucesso, o gênero Phragmipedium há muitos anos, em Teresópolis - RJ
"O cultivo de Phragmipedium é bastante parecido com o do Paphiopedilum. No AraBotanica, cultivamos os dois na mesma estufa e aproveitamos pequenas diferenças das condições dentro dela. Os Phrags. gostam de uma temperatura amena, nosso mínima fica em torno de 12-14º C à noite e a temperatura diurna varia de 22-26º C on inverno e chega até 32º C no verāo. Como essas plantas são cultivadas em Teresópolis, é necessário aquecer a estufa no inverno, todavia conheço alguns cultivadores na região serrana que cultivam sem aquecimento e suas plantas crescem bem.
A rega dessas plantas é de extrema importância. A maioria das espécies de Phragmipedium cresce em barrancos ou solos bem úmidos portanto é necessario regar com frequência. As plantas no AraBotanica são regados diariamente no verão e de dois em dois dias quando faz mais frio. Nunca deixamos o substrato secar pois acaba prejudicando o crescimento das plantas.
Os Pgragmipediums precisam de mais luz que os Paphiopedilums, nossas plantas são cultivadas na ponta mais iluminada da estufa.
Usamos o mesmo substrato usado para o Paphiopedilum, 60% de casca de pinus pequeno e 40% de brita. Essa mistura tem nos dado os melhores resultados. Alguns cultivadores gostam de acrescentar uma pequena quantidade de musgo (esfágno) no substrato, isso funciona muito bem em regiões de pouca umidade relativa no ar.
Por último, sugiro que o substrato seja trocado anualmente por receber tanta água e adubo. Isso evita a decomposição e acumulo de excesso de nitrogênio que pode vir a prejdicar o sistema radicular das plantas
"


Phragmipedium Sorcerer`s Apprentice
(Phrag longifolium x Phrag sargentianum
)

Phragmipedium
Eric Young
[Phragm besseae (50%) e longifolium (50%)
]


O cultivo de Phragmipedium vittatum segundo Lou Menezes, em seu livro Orquídeas do Planalto Central Brasileiro - edição 2014:

Phragmipedium vittatum é uma espécie de difícil cultivo devido às suas peculiares condições de crescimento na natureza. É aconselhável cultivar-se Phragmipedium vittatum em vasos profundos e bem drenados, usando-se como substrato uma mistura argilo-arenosa. A compressão do substrato deve ser evitada e o vaso da planta deve ser colocado dentro de um recipiente com água a fim de que seja mantida uma elevada umidade e mesmo o encharcamento do substrato. Experiências feitas com muitas plantas mantidas em cultivo mostraram que o pH do substrato deve ser periodicamente chevado e mantido preferencialmente em condições levemente alcalinas, entre7,1 e 7,5 embora uma variação de 6,5 a 7,5 seja comrpovadamente bem suportada pelas plantas. Nesse aspecto deve-se ter em mente que o uso de fertilizantes e regas, cuja água não seja proveniente de fontes naturais, seguramente acidificirá o substrato. Quando necessária a correção da acidez do substrato deverá ser feita pela adição de doses homeopáticas de calcário dolomítico. É importante que as plantas sejam cultivadas a sol pleno e recebam regas copiosas durante a estação quente (25 a 31ºC) e chuvosa nos meses de novembro a março primavera-verão no planalto central do Brasil; as regas, contudo, devem ser substancialmente reduzidas ou quase completamente
interrompidas no período seco (8 a 22ºC) e frio durante os meses de junho a agosto, outono-inverno no planalto central.
Em resumo, deve-se atentar para a estação de crescimento e floração da espécie (regas abundantes) e o seu período de repouso (redução drástica das regas). Em outras palavras, o ciclo de vida da espécie deve ser respeitado e condições similares àquelas proporcionadas pela natureza devem ser viabilizadas.



Fontes:

1) Barros, F. de; Vinhos, F.; Rodrigues, V.T.; Barberena, F.F.V.A.; Fraga, C.N.; Pessoa, E.M.; Forster, W.; Menini Neto, L. Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB32001>. Acesso em: 01 Abr. 2014
2) http://www.tropicos.org - Missouri Botanical Garden Tropicos acesso em: 01 Abr. 2014
3) Orchid Species Culture - Margaret L. Baker & Charles O. Baker. Timber Press - 1991
4) The Manual of Cultivated Orchid Species - Helmut Bechel - Phillip Cribb, Edmund Launert
5) Serra dos Órgãos - Sua História e Suas Orquídeas - David Miller, Richard Warren, Izabel Moura e Helmut Seehawer
6) Orquídeas da Amazônia Brasileira - 2a. edição revisada - Manoela F. Fernandes da Silva e João Batista Fernandes da Silva. 2010
7) Orquídeas de Roraima, Joaci Luz e Jane Franco, 2012
8) Orquídeas do Planalto Central - Lou Menezes - 2014
9) Flora Brasilica - Hoehne Fasc 1 (vol XII, I; 1-12)